Saturday, October 14, 2006

Merche Romero ( Comentário )


Merche que eu gosto
Por hábito, não gosto de meter pena e coiro na alcova da pátria.

Por desconhecimento, temo perder o pé na chafurdice à volta dos enlaces e desenlaces das namoradinhas de Portugal, azedar uma conversa a propósito de moranguices ou discutir a colecção Outono/Inverno a partir da linha de vestuário da Floribela.

Bem sei que não podemos ser indiferentes às coisas de que toda a gente fala. E se a nação exibe à saciedade as suas fraquezas e franquezas, luxos e misérias, há que ser condescendente.

Mesmo assim, tenho sido discreto. Sossegadinho até. A maioria das vezes, não comento nem opino sobre essa coisa muito portuguesa de pôr as fraldas da pátria ao sol e o rabinho ao léu.

Mas abro uma excepção para Merche Romero.

Ora, segundo ilustra uma dessas revistas que apimenta o nosso voyeurismo de laivos santacombadenses, enquanto Cristiano Ronaldo se passeava em Lisboa com um pirilau monstruoso – de brincadeira, registe-se – a apresentadora de televisão andaria (andará?) a chorar baba e ranho por conta da separação mais mediática dos últimos tempos.

Não me ocorreria aqui brincar com o sofrimento alheio, longe de mim. Nem será o caso. Mas se estou bem lembrado, nem eu nem você, caro leitor, pedimos para que o romance da Merche com o Cristiano nos entrasse, por todas as frinchas, lá em casa. Ele era televisão, revista, jornal, vizinha e telefonia. Soubemos tudo e não pedimos nada.

A senhora Merche, entretanto, passou à fase chorosa. Diz que é triste a popularidade estar hoje associada «à parte emocional» e «à vida privada». Não me diga?! A sério?! Descobriu agora, foi? Para além de ter andado nas páginas das revistas da coscuvilhice e a apresentar programas, tem tido tempo para ler o mundo à sua volta, cara Merche? Veja bem: foi você, minha querida, em entrevistas radiantes, declaracões ofegantes, entrelinhas e sinais a abrir as portas – escancarou-as, convenhamos – à devassa de tão tórrido romance. Eu sei: com tanta câmara e tanta festa, acaba-se sempre apanhada por uma. E também sei que o Cristiano ajudou à missa e permitiu o incensar da coisa.

Em Portugal, diz a Merche, «há o vírus do dinheiro, da fama, protagonismo e mentira». Alimentado pela Imprensa. Já cá faltava.

Ora, amiga Merche, já que me inclui no rol de tais indiscrições e alcovitices faça-me o favor de reconhecer que eu, mesmo tendo-me esforçado para não lhe ligar patavina, fui abalroado pelo romance. Soube do que vestia, onde dormia, o que bebia, o que comia, o que fazia e não fazia. Resignei-me, surfei a onda. Fui a almoços e jantares onde não se falava de outra coisa. Amigos e amigas telefonavam-me a pedir novidades. A minha mãe não sossegava. O gato eriçava-se. Agora que a coisa deu para o torto, qual é o seu direito, amiga Merche, de me roubar os próximos episódios? Haja decência, caramba!

3 Comments:

At 6:08 PM, Anonymous Anonymous said...

grande comentario...é do melhor!!
merche romero anima te!! agarra te ao teu ex namorado, nao era smpr com ele k tu andavas...agora agarra te a ele!!
bjus pensa e dpx reage

 
At 6:09 PM, Anonymous Anonymous said...

adorei o texto!!

 
At 10:21 AM, Blogger Morangos Serial said...

Uau! O texto está excelentíssimo. Li-o tantas vezes, que até esta opiniáo me chegou à cabeça!

 

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